sexta-feira, dezembro 08, 2006

Ponte

Estavam os dois deitados na cama recuperando o fôlego, sem conseguir dizer uma palavra sequer. Extasiados com o momento; admirando as delícias da intimidade. Depois da explosão, em que quase não se pensa nos pormenores, a única coisa que os ligava era o leve toque de seus dedos. Uma ponte singela por onde passa todo o carinho e gratidão.

Eram dois que às vezes gostavam de se sentir um só, pois ser dois que respeita o um é mais importante e possível do que tentar ser unidade. Dois não viram um. Um e um quer somar dois por causa do gostar. E quando todo o fôlego voltou, o êxtase se dissipou e a ponte se separou, toda a calma entrou no quarto. Mas não é aí que a soma acaba.

Ele, em um ato simples, virou-se e cobriu ela com o lençol para que não se resfriasse, porque a noite estava fria e invadia pela janela. Aquilo foi um "eu te amo".

Às vezes palavras são apenas um monte de letras ou fonemas. O verdadeiro amor está nas demonstrações simples e espontâneas. Assim que se constrói a mais firme das pontes. Amor não está à venda na feira não.