Meu caderno de Teoria Literária II

Vou te dizer, a minha professora de Teoria Literária II não existe! Ela é incrível! E não é apenas por ela ter lembrado do meu aniversário - de uma forma muito estranha, porque eu nunca contei a data para ela.

Ontem ela estava falando sobre a ironia do enredo e da metamorfose dos "personagentes" do Dom Quixote. Aí ela escreveu o seguinte esquema no quadro-negro:

Impulso da metamorfose
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É sempre possível passar à outra modalidade de ser
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Viver é um empreendimento poético que a todos contagia
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Poético vem do grego poiem, que signigica fazer, modular, plasmar
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Viver quixotescamente é deixar-se lavrar a alma por incitações externas e internas
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Não se deve confinar-se em nenhum fracasso, mas também em nenhum sucesso
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Quixotizar é ousar o "superhumano ato pessoal, transe hiperbólico, incidente hercúleo"
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Os moinhos serão gigantes enquanto Alonso Quijano permanecer Dom Quixote de La Mancha.


Para quê psicólogo se eu tenho aula com ela? Eu sempre saio de lá mais resolvida.

Sem destinatário

O correio está em greve! Não pode ser! Eu já tentei enviar o meu amor e nunca consigo. Eles apenas me dizem "Só estamos realizando envio de coisas realmente importantes. Se for remédio ou seriedade, pode enviar. Se não for, passar bem.".

Assim não dá! Também tentei e-mail, navio cargueiro, pombo correio... Nada feito. Meu amor não consegue ser enviado. Até pensei ter conseguido algum sucesso com um garoto de recados que paguei, mas ele disse não ter não encontrado o destinatário.

O meu amor já está ocupando espaço demais no meu quarto. Logo, logo vai estar servindo de peso de papel ou entulhado junto com os meus fichários de colégio e a minha perseverança. Não agüento mais este amor aqui pegando poeira!

...

Talvez seja um sinal. Como se fosse uma vontade concreta desse sentimento abstrato. Talvez o meu amor queira ficar aqui comigo mesmo, pendurado na parede, em cima da minha cama ou até enrolado no meu pescoço. Coitado, deve estar trumatizado com o último envio. Voltou todo amassado. Nunca respeitam aquele adesivo vermelho e bem chamativo dizendo FRÁGIL.