terça-feira, outubro 31, 2006

A consideração

Eu pego quatro ônibus diariamente só para ir à faculdade. Isso quando eu não resolvo fazer alguma coisa por perto e pego pelo menos mais dois ônibus. E lá se vai meu dinheiro...

O transporte público no Rio de Janeiro é tão falho - por rolar muito dinheiro e interesse por trás - que vários lugares são excluídos e os ônibus, que são caros, vivem entupidos e capengas. Às vezes eu agradeço por ser pequena e me encaixo nos lugares mais inusitados: entre a porta e a janela, em cima do motor, entre o cobrador e um banco...

Metrô é um transporte muito melhor e não tão difícil assim de ser implantado. Iria desafogar o trânsito, diminuir a poluição e dar mais conforto, segurança e rapidez aos passageiros. Além de gerar empregos diretos e indiretos. Mas quem se importa? Não há consideração.

Há quem diga que forma caráter. Eu concordo. Mas forma caráter para pessoas como eu que têm no futuro a certeza de melhora. Para quem não tem este destino, fica difícil ver alguma vantagem. E ainda digo que se eu não fosse pelo meu mp3 player que me distrai, seria muito pior! Porque eu não leio em movimento.

Optei por ir de ônibus e estou achando bom. Pelo menos estava até hoje! O ônibus que as pessoas mais pegam - inclusive eu - nos determinados horário e lugar em que eu estava, só passava de meia em meia hora, enquanto uns vazios para lugares bem menos cotados vinham a todo momento. Grande falha.

Até aí tudo bem. Quando passou o primeiro eu rejeitei, pois estava muito cheio. Meia hora depois, quando passou outro, pulei na lata de sardinha mesmo e não quis nem saber! Melhor do que me atrasar mais ainda. Fiz os meus contorcionismos e consegui ficar bem.

O que me irritou mesmo foi que o meu relógio, que eu ganhei de aniversário ano passado, cujo qual tenho o maior ciúme e apego, caiu e eu não notei. Depois que saltei e fui olhar o quanto eu já estava atrasada, dei falta.

Me bateu um desespero! Fiquei de prontidão num ponto que eu sabia que ele pararia e, com o rosto do motorista gravado na memória, observei todos os ônibus que passavam, enquanto forçava pensamentos positivos. Enfim ele chegou e eu me joguei para dentro! Haviam passado dez minutos e ele já estava vazio. Perguntei ao motorista e ao cobrador se tinham visto algum relógio e o segundo me afirmou que viu um homem levando. Disse que até tentou impedir, mas o homem não resistiu a possibilidade de tirar proveito em cima da falha de outros.

Que ódio! O relógio fica dez minutos no chão e alguém já rouba. Não há mesmo a menor consideração! Tomara que quebre na mão dele e corte seus dedos! E que ele apodreça tendo que pegar ônibus para se locomover. E, claro, que tenha sete anos de azar!

Isso me lembra a vez que a minha irmã perdeu o celular e o homem que encontrou ligou para a minha mãe para devolver. As duas agradeceram e festejaram a bondade e consideração dele por não ter roubado, quando o agradecimento deveria ter sido feito apenas por ele ter se dado ao trabalho de entregar em mãos e não por ele fazer a caridade ao mundo de ser uma pessoa de boa índole.

Os conceitos estão todos errados! E quem tem consideração pelo próximo? Quase ninguém. Quem tem muitas vezes deixa de ter por não ver retorno. Uma merda isso tudo!

Deixa o homem trabalhar

Pela primeira vez na história política brasileira o presidente que a imprensa apoiou não foi o vencedor. Alckmin - o Geraldo, como ele preferiu ser chamado nessas eleições - foi apoiado, de maneira nem sempre discreta, pelas mídias.

Na realidade, foi um posicionamento mais anti-Lula do que pró-Alckim. Lembro-me que desde o começo do ano a revista Veja, declaradamente opositora ao Lula, já vinha publicando edições com o rosto esquisito do principal concorrente na capa.

Ainda assim, Lula somou mais 5,5 milhões de votos em relação ao total de 2002, graças ao crescimento do total de eleitores do Brasil nos últimos quatro anos. Os escândalos, as pressões, as críticas e as oposições não foram eficientes. Ao menos conseguiram um segundo turno, o que é muito importante para a democracia crua que temos.

Segundo o JC On Line, "a involução da campanha de Alckmin no segundo turno foi mais decisiva do que o crescimento de Lula". Completa com "Os números do segundo turno da eleição deste ano mostram também que a política de alianças e a agenda de campanha de Alckmin acabaram não tendo nenhum efeito positivo. Depois de se desgastar muito politicamente ao acertar um acordo com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB), Alckmin aumentou sua rejeição no Estado."

Irônico, não? O candidato a governador no Rio que fez aliança com o Garotinho, Sergio Cabral, venceu. A publicidade ridícula em cima dele realmente colou. Infelizmente para os eleitores que, como eu, votaram na Denise Frossard na esperança de que alguma coisa melhorasse. Mas ela não sabe criar bons discursos...

Aliás, eu sou mais anti-Cabral do que pró-Frossard. Não é assim que os eleitores se posicionam hoje em dia? São estimulados a "não trocar o certo pelo duvidoso" ou a "trocar o errado pelo certo". Apenas trocas, não escolhas confiantes.

A ironia deve ter se dado pela bobeira do Alckmin ter usado as "personas" do famigerado casal Garotinho como estratégia, ao invés de usar apenas a política populista deles de "um real", como o Serginnho fez. Minha professora de Teorias da Comunicação analisa campanhas políticas e afirmou que quando o governo do casal é enunciado, quase não há rejeição, porém quando suas figuras são utilizadas, a rejeição é gritante. Que coisa, não?

De qualquer forma, um fato inédito aconteceu. Será que os eleitores estão criando mais opinião própria e deixando-se levar menos pela de terceiros? Será que estão desacreditados na imprensa? Ou será que estão extremamente vulneráveis à campanha publicitária? Caso a ser bem estudado.

domingo, outubro 22, 2006

Logos

É uma pena que quando Prometeu robou o fogo da sabedoria e deu aos homens, não existisse gasolina para tacar nele e aumentar. Aí as coisas ficam nesta mera faísca...

quarta-feira, outubro 18, 2006

Isto não se come

Tristeza comprada, coberta, pisada. Plantada e então regada com meu cuspe. Quando brotou, o fruto azedo e fedorento caiu em cima da minha cabeça! Me machucou e tá nojento! Por isso que eu não como qualquer fruto.

Sempre jogo as sementes no lixo, mas algumas eu engulo sem querer e, droga, elas me engasgam ou me dão enjôos terríveis. Ah, que raiva! Cansei deste pomar!

Já roí minha unhas até chegar aos ossos e chorei uma caixa d'água até a boca. Isto aqui não é comércio. Eu vivo pelo amor que sai de mim! Este sim é que eu quero plantar. E todo mundo sabe que ao plantá-lo com o cotovelo e regá-lo com lágrimas a safra não vem boa. Deve ser por isso que a minha está podre.

Vou cortar meus cotovelos e tampar meus olhos.

domingo, outubro 15, 2006

Domingo

Ah deliciosa sensação! Domingo de sol, azul puro no céu, vento balançando a palmeira de leve, churrasco na minha casa, MPB tocando no rádio, os carros parados na rua para os almoços de família, cabelo molhado, nenhuma obrigação, sorvete na sobremesa...

O dia me abraça. Gostinho na boca. É bom. É bom.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Ida à praia

Num dia de Sol bem forte
Resolvi ir à praia para aliviar o calor
Peguei toalha, guarda-sol, biquíni,
Óculos, chinelos e protetor

Fui feliz da vida pelo caminho
Com a linda praia a imaginar
Chegando lá, estava lotada
Não teve problema, fui pro mar

Na água tinha sacos de plástico,
Coco vazio e até braço de boneca
Sai com raiva e nojo, pensando:
"Não fico mais nesta meleca!"

Estiquei a toalha na areia
E um pouco tentei relaxar
Foi então, que para meu desgosto,
A "bela" música começou a tocar

Boladona, boladona
Cachorrona, coisa e tal
Era o que repetiam os versos
Naquela melodia infernal

"Ninguém mais respeita o outro?"
Então comecei a me irritar
Fui reclamar com o corno
Para aquela música não mais tocar

De nada adiantou a reclamação
Apenas ganhei uns apelidos novos,
Minha mãe foi muito lembrada
E quase que me jogaram ovos

Fui para casa frustrada
E muito triste com tais acontecimentos
Relembrando quando eu e a praia
Tínhamos ótimos momentos

Neste mundo de hoje em dia
São
poucos que com a limpeza
E com o próximo se preocupam
Fica tudo nesta tristeza

Seria bom um pouco de educação
Consciência, ordem e respeito
Para tudo fluir cada vez melhor
Já a mudança no conceito!

Não engolindo tal decepção
Uma providência tomei com garra
"Se não aprendem por si mesmos
Vão todos aprender na marra"

Peguei a coleção do meu pai
Revólveres, bombas e dinamites
O exército finalmente foi útil
Para a educação não há limites

Voltei correndo para a praia
E todos os utensílios utilizei
Houve quem tentou me jogar cadeiras
Mas não dei chance: bombardeei

Com a carniça espalhada pelo chão
Finalmente fez-se silêncio no local
O mar ficou um pouco mais sujo
Mas na hora não fazia mal

Agora a praia está uma maravilha
Há tempos, ninguém mais lá volta
É o medo da serial killer
Que matou todos com sua revolta

Esta, digamos, poesia foi escrita por mim para ser

posta no Improvesias. Quem tiver boas idéias de

poesias improvisadas, escreva uma e deixe na caixa

de comentários de lá para também ser postada!

Mortalidade x Imortalidade

Se eu fosse imortal eu não teria tanto medo de fazer o que penso. Nem sempre o que eu penso fazer vai me trazer um bom retorno, por isso paro, penso sobre o que pensei e tento analisar o que é "melhor". Eu não tenho tempo a perder! Se eu desperdiçar o agora errando, lá se vai mais um pedaço da minha vida.

Contudo, se eu não perdesse pedaços de vida, tendo todo o tempo do mundo para acertar e errar, errar e acertar, eu seria paciente na espera do momento, do amor, do sucesso, da amizade, da diversão, da sabedoria.

Mas eu perco um pedaço de vida a cada letra que escrevo e eu preciso correr logo atrás do momento, do amor, do sucesso, da amizade, da diversão e da sabedoria. Senão, puft!

Na vida mortal deve-se aproveitar bem o agora para fazer uma cadeia de bons momentos. Se deixar passar, menos pedaços de vida nós teremos para poder fazer isso. E lá se vai a chance de errar, de fazer o que pensa só pela curiosidade de saber aonde vai dar, de deixar alguns agora passarem.

Na vida imortal eu poderia viver de todos as formas, ser todos os meus eu, fazer tudo com mais calma, aprender piano, desenho, costura, capoeira, ler todos os livros, conhecer todos os lugares do mundo a pé... Afinal, eu realmente teria todo o tempo.

Talvez não tendo quase a obrigação de aproveitar o agora, eu o aproveitaria mais. A possiblidade de morte nos faz perder a coragem e procuramos ficar sempre no cosmos, fugindo do caos.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Um outro

Amem!
Amém.