sábado, junho 21, 2008

Folhas que caem

Aquele sorriso de menina mostravam os dentes: um pouco tortos, um pouco quebrados e muito charmosos. No cabelo preto e despenteado, passava uma fita vermelha. A língua rosa, bem quieta, sentia o gosto do hortelã. Os dedos pequeninos, branquinhos, com as unhas meio sujas, se apertavam sem parar e rasgavam as folhas caídas no banco. Ela era doce, tímida e muito interessada na vida. Numa vida diferente da minha; da nossa. Uma vida que eu antes não sabia que existia e passei a admirar e querer ver de perto. Um pouco que é muito. Um preto que é colorido. Monocelhas que molduram o olhar medroso de estar errando, mas que tem coragem e vontade de continuar ainda que nada dê certo.

- E se não der certo?
- Vai dar. Pelo menos eu vivi.