terça-feira, janeiro 30, 2007

Par

Elisa vivia em uma constante inconstância: hora amava, hora odiava José. Quando ele a olhava nos olhos: eu amo; Quando ele não lhe contava algumas coisas: eu odeio; Quando ele se preocupava com seu bem-estar: eu amo; Quando ele a esquecia durante os choppinhos: eu odeio.

E assim ia o seu vai e vem de amor e ódio, que degradava pouco a pouco a felicidade a dois. O que sustentava ela ali era a sua admiração por ele e a esperança de que algum dia tudo seria mais satisfação do que desilusão. Assim foi durante seus dois anos e namoro e seus cinco de casamento.

Todos os dias acordava, olhava para o céu e pedia para que José fosse mais dedicado e que ela fosse mais compreensiva. Todos os dias, há sete anos. Já começava a achar que os momentos bons não valiam pelos momentos ruins, pois os ruins contaminavam os bons e os fazia não serem tão proveitosos quanto poderiam ser.

Via casais de amigos seus tão apaixonados e com tanta sintonia que tinha inveja branca do encaixe perfeito deles. Talvez tenha faltado ela encontrar seu par. Passou a achar que José era apenas uma boa companhia, uma pessoa admirável, com a qual havia se acostumado e, sem conseguir enxergar além, embarcou no casamento. Par? Não, José não era o seu par. Faltava paixão na cola. Aquele brilhozinho que nos faz gostar de doar e saber receber.