quinta-feira, setembro 21, 2006

Um quase

Dessa dor que vem e vai, restavam a ele alguns suspiros de alegria. Constantemente fechava os olhos porque não suportaria ver tudo de olhos abertos. Sabia. Tentava ser um pouco ingênuo, no propósito de tentar ver mais beleza nessa vida sem graça.

Graça... Desfrutava na graça um pouco de felicidade efêmera. Nessa felicidade que vem e vai, lhe restavam muitos momentos de tristeza.

Tentava projetar sua vida, analisando o que o que poderia melhorar. Achava saber o mistério, mas não tinha coragem de desvendá-lo. E continuava ali, com seus olhos bem fechados, sem entrar nenhuma luz, porque para ele o problema quase sempre era com ele mesmo.

Sublinho o quase. Pois ele nunca deixava que as coisas fossem sempre, sem o quase. Se tudo for para sempre, nada sempre é. Se tudo fosse sempre, ele entraria em depressão. Mas sempre há os lados.

Tinha tendência de esperar, esperar e esperar que as coisas melhorassem. Quase sempre dava tudo errado. Então ele esperava, esperava e esperava mais um pouco, até que o final chegasse, quem sabe.

Buscava, sentado, aquilo tudo que já sentira e invejava que os outros sentissem. Era pedir demais ter só um pouquinho? Quem sabe assim não suspiraria um pouco mais de alegria...