quarta-feira, maio 24, 2006

Parte fora - parte 2

Olhou pela janela e viu um pássaro. Ele voava devagar, mas batia as asas constantemente. Como ele agüentava bater as asas tantas vezes, repetidamente e sem cansar? Ainda mais debaixo da chuva! Era um trabalho árduo, sem dúvidas. Ela nunca poderia ser esse pássaro.

Como de nome, Esther apenas ficava parada, porém visível. Brilhando para ser notada e sem sair do lugar, como estrela mesmo. Como se bastasse apenas ser o que é.

Foi assim que seu antigo amante escapou de suas mãos. O amava muito, mas nunca fez por onde para tornar a relação mais agradável, controlar seus ciúmes ou deixá-lo mais a vontade ao lado dela. Mais feliz não é aquele que mais coisas tem, mas sim aquele que mais sabe utilizar o que tem para ser feliz.

O número dele ainda estava na discagem rápida. Era um tipo de demonstração de esperança de que algum dia voltassem a ficar juntos, embora não revelasse isso nem a si própria. Apertou, mas, antes que a chamada completasse, a encerrou apertando no botão vermelho. Não tinha nenhuma desculpa e achava que ele não se importaria se ela apenas revelasse sentir saudades. Ou no mínimo seria se submeter demais.

Naquele momento teve certeza de que ele era a parte fora que fazia falta. Era mais gostoso quando ele era parte que preenchia. "Eu amo", e a chuva batizaria o que poderia vir.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

é dessa forma que muitas vezes perdemos quem amamos: não fazendo nada para melhorar a relação, não controlando os paradoxais ciúmes.

01 junho, 2006 18:44  
Anonymous Anônimo said...

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21 julho, 2006 15:39  

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