sábado, dezembro 22, 2007

Pontinha

Algumas pessoas bem bonitas me disseram mais de uma vez que é bom ser feliz com pouco. Esse pouco, de pouco em pouco, vai mostrando que é mais valioso que o muito. Isso é dito toda hora por quem nem é tão bonito assim e por isso muitas vezes não faz sentido. Fica só na utopia.

Hoje quando eu tinha massa atrás das unhas e farinha nas pernas, ao lado da minha irmã - que sempre esbanja luz - eu pude ver, de novo, como é ser feliz com pouco. E não foram usadas tantas vírgulas e pausas como agora, foi natural, pleno, aconchedor e despretensioso. Foi como se deve ser.

Minha mãe falava das crises, meu pai dos problemas que vinham no jornal, mas eu afundava meus dedos no açúcar ralinho e me sentia feliz, alienada ao resto. Bem feliz. Não queria saber do mundo, das tristezas, das injúrias e todo esse muito de tudo e sempre. Só pensava na felicidade que vinha naquela onda retilínea e silenciosa de prazer.

Garanto que essa pontinha de alegria espontânea é muito melhor do que qualquer ponta de agulha de acupuntura. Melhor do que muito tratamento pretencioso e forçações de barra de existem por aí. Isso é aquela alegria que vem sem querer, estufa o peito e sai deixando leveza. Original.